terça-feira, março 13, 2007

esses dias estranhos II

de novo. mesmo tema de outros dias estranhos como esses.

nesses dias estranhos, aconteceu tudo. alguém que eu amo como um pai está próximo da morte, e eu, impotente, não tenho o que fazer. só talvez tentar reconfortá-lo, ser forte e torcer para a dor e o sofrimento acabarem logo, pois se viver é difícil, morrer também é, embora a gente nem sempre perceba.

então acontece você, que aparece sem prelúdio, sem qualquer anunciação e está do meu lado como um anjo segurando nas minhas mãos que não são tão quentes quanto as suas, me cobrindo de beijos e de palavras bonitas de amor.
eu, ainda tentando definir o que está acontecendo, tanto com meu avô quanto com essa nova semente, essa relação que começou e a que ainda não consigo dar um nome. você disse "namorado" e, embora isso seja estranho, pois nunca fui assim, essa palavra ainda não cabe na minha boca e não a uso em sinal de respeito.
ao mesmo tempo, alguma coisa muda em mim e eu, a cada dia que passa te sinto mais. e domingo você dormiu na minha casa, ouviu as minhas músicas, tomou banho no meu chuveiro e se esticou nos meus lençóis. segunda senti sua falta na hora do almoço e, à noite, lá estava você na minha casa novamente cuidando de mim e de você mesma, me ensinando e aprendendo a simplesmente ser.
hoje você não está.

e eu sinto tua falta, como se, mesmo sem confessar, já estivesse envolto no seu cheiro, no seu sorriso, na tua pele macia, nos teus carinhos, na tua voz silenciosa e percisa.


como se já não suportasse mais ficar longe de ti.

sexta-feira, março 09, 2007

corpo

eu olhei pra ela ainda na cama, ela me olhando com uns olhos bem grandes, me penetrando e pensei

me intimida um pouco sua desenvoltura com o corpo. "o corpo é a única coisa que realmente temos". o corpo é uma casa. você conhece sua casa. sabe se contorcer, sabe o que fazer exatamente em cada momento.
é. estou aprendendo contigo a relaxar o corpo, a sentir um pouco de cada vez. é tão bonito e difícil esse ensinamento que temo demorar muito. você me guia para um lugar que eu não conheço, e é por isso que talvez eu me retraia um pouco. mas eu adoro.


ela não poderia ouvir meus pensamentos e me beijou um daqueles seus beijos bem doces.

estou me acostumando. ainda me acostumando. gostando de você cada vez mais

ela me abraçou e eu a envolvi com meus braços e com meu tamanho e queria que o tempo congelasse naquele segundo. ele congelou, porque reinventamos o abraço mil vezes antes de nos olharmos de novo.
ficamos mais velhos nesse segundo olhar. dias, meses, anos, não sabemos e digo sabemos porque os olhos dela me diziam que tinham recebido um ar de maturidade, de experiência, como se tivesse naquele abraço aprendido mais e vivido mais.

preciso me acostumar de novo com o corpo, o meu e esse novo corpo que desfragmenta-se em mim.

preciso dormir mais ao teu lado.

quinta-feira, março 01, 2007

sim, às vezes eu me machuco e machuco outras pessoas. não sei, não tenho medo. penso que é normal esse movimento. penso que também nos fazemos felizes e deixamos outras pessoas felizes. e isso não nos incomoda. o fato é: mudamos o comportamento do outro apenas por existir, por dar um oi, uma boa noite, por escrever uma carta, por amar de mais ou de menos. mesmo se nos isolássemos, a certeza da nossa existência iria afetar as pessoas. mesmo se morrêssemos no meio do caminho.
acho que não há volta. nascer e viver. todos os nossos grandes e pequenos momentos. vivo para tentar melhorar algo e às vezes também para ser mesquinho e egoísta. vivo para esperar alguém entrar por aquela porta nesse momento. alguém que não entra e que eu sei que não verei hoje.
vivo para mim e às vezes me permito viver para os outros. vivo que nem um idiota e tem horas em que sou sublime. tem vezes em que sou normal, mas no fundo não existe normalidade. às vezes acho que sou diferente mas também não existem diferenças. existe apenas o abrir os olhos, andar pra lá e pra cá, planejar objetivos que não acreditamos até encontrarmos alguma coisa que nos impulsione.

estamos apenas tentando aprender a viver.