segunda-feira, agosto 30, 2004

uma hitória

Parte I

Era distraído que ele andava pelas ruas que, cada vez mais, lhe pareciam estreitas. Pensava em si mesmo e em quantas coisas queria mudar. Pensava em fumar e em chocolate e é estranho esse lance do chocolate, ou melhor, do cigarro levar ao chocolate porque, apesar de não saber - a gente nunca sabe isso o levaria a uma loja que, por acaso, agora a atenção na rua por um segundo, era ali do lado, depois da esquina a segunda ou terceira loja, uns chocolates deliciosos que antes só havia comido em São Paulo.
Era concentrada que ela passeava pela praça, cabeça erguida e uma acertiva confiança que deixava transparecer suave. Decidiu que mudaria algumas coisas na sua vida. Deixaria de beber, de fumar, talvez a única coisa da qual não iria escapar: chocolate e decidiu naquele mesmo momento atravessar a rua e comer um bombom.

Ele, agora com seu novo objetivo chegou à porta de entrada da loja. Olhou atentamente a vitrine e então uma garota passou na sua frente. Usava jeans, um casaco rosa e tinha cabelos lisos e escuros, como seus olhos. Mas ele não via isso: via um sorriso delicado em um rosto lindo, que passou direto para dentro da bombonière. Seu coração disparou e ele ficou esperando ela sair.

Ela entrou na loja e viu atentamente os bombons do balcão. Escolheu um, branco por fora, mas recheado com trufa e uma avelã e, antes de dar a primeira mordida, descobriu que tinha perdido sua presilha de cabelo...

quarta-feira, agosto 25, 2004

será?

será que você pode me entender, me ouvir, ouvir meu corpo, e sentir que eu te desejo e que te quero e que te amo e que tenho vergonha disso tudo porque não sei mais como dizer isso prá você, pois foi dito tantas vezes e tantas vezes foi esquecido que você deve sentir raiva?
será que, depois disso, ainda tenho uma chance de mostrar que eu te amo e que quero voltar a ser algo para você e que quero voltar a te dar beijos e abraços e a te ligar e a te procurar? será? será?

m.

segunda-feira, agosto 09, 2004

lobo solitário

Aqui estou eu, o lobo. Observo um pouco, sinto cheiros, mastigo minha língua na esperança de que o gosto do sangue e a dor me acordem para algo, pois sou um lobo sonolento e preguiçoso. Pareço um lobo velho, mas na verdade sou apenas um lobo que sabe demais para sua idade e por isso o jeito molenga e desgostoso de quem não vê mais na caça o sabor da carne, mas que ve apenas mais uma caça.
Eis aqui o lobo, pronto para se devorar e, ironicamente com medo de ser devorado pelo mundo. Eis aqui o lobo tentando não ser mais um lobo, um solitário tentando não ser mais solitário.
O lobo pede ajuda para sua própria consciência, porque quer mudar.
Mas que será a consciência do lobo? O lobo sente uma liberdade grande agora que procura despertar, mas algo o aperta e o prende e de repente uma dor no peito e de repente... seria seu coração?

m.

segunda-feira, agosto 02, 2004

mudanças acontecem...

Sinto um descompasso entre o que sou e o que eu acho que eu sou.
Sinto náuseas, sinto o mundo girar mais rápido do que eu posso aguentar e parece que esse eu descompassado não consegue mais viver em paz. Quer dar lugar para esse outro eu, um que eu não sei direito quem é mas que eu sei que é mais eu do que o primeiro, talvez mais perto do eu verdadeiro que só existe na imaginação.
A gente imagina aqui de fora que os eus brigam, mas não. Apenas querem saber quem sou eu, esse outro eu que os observa e que quer se aproximar de um dos outros dois. Talvez por isso o descompasso, talvez por isso a náusea, talvez por isso, o eu.

m.