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eram circunferências variáveis que se chamavam esferas. às vezes uma pincelada de nanquim, grafite, carvão ou matéria plástica. coisas que outrora serviram para outros fins deslumbram-se nas paredes dos museus.

uma dor tão grande

canção de desespero para o coração partido

é uma dor tão grande, não tenho condições de ajudar você. você está desgastando tudo com palavras e palavras não foram feitas para melhorar nossas relações. estou cansado. não quero falar, não quero.
você deveria entender que se quiser falar eu ouço, é pior pra você, mas não consigo ser ríspido contigo. você vai achar que estou te ajudando, mas não estou. você vai todo dia pra casa pensando que algo se resolveu, mas não. tudo está completamente igual, só que eu fico mais cansado, com raiva por ter confiado a você uns segredos. você acha que as palavras vão ajudar, porque você sabe que é eloqüente e um dia vai descobrir as incoerências, os paradoxos das minhas filosofias complexas. é aí que você se engana, queridinha. posso conviver com minhas hipocrisias numa boa, porque as palavras nós usamos para justificar quem somos, e às vezes as palavras erram. tomam o rumo contrário do dono. avançam e nos mordem e nós sangramos um pouco. mas sobrevivemos. você também vai sobreviver e perceber por um milésimo de segundo que não foram as palavras, mas a falta delas por algum tempo o que te deixou melhor. e você vai melhorar até o momento em que você vai me ter apenas como uma lembrança. por enquanto, tudo que existe aí é uma dor.
uma dor tão grande.