segunda-feira, setembro 18, 2006

espelhos que neutralizam nada.

não que eu consiga ver um palmo além do meu nariz, mas ainda não entendo o que acontece comigo. não que eu entendesse mesmo na frente de um espelho, mas ainda acho que é apenas difícil sentir. a intuição funciona mais como um termômetro e não consigo medir muito bem algumas coisas. enquanto converso com você, na porta de sua casa, esqueço de tudo. depois penso em nada e em como nada fez falta quando se foi. ainda penso que teria medo ou vergonha ou receio de pensar/falar/tocar nada outra vez. ao me abandonar, vi que tinha pena de mim, desse meu amor cego pelo abrigo insensível do seu ser.
agora eu construí um outro eu e esse eu queria aparecer de alguma forma, mas acho que para nada, nada que venha de mim importa
[o que sugere um processo massivo de desconstruções aleatórias, na esperança de se produzir um ser que, de forma eficaz a atinja ou pelo menos um que seja indiferente à nada]

(a construção deste ser se dá em conversas de fim de noite, em que ele se perde em olhos enormes e azuis, ou em esverdeados olhos pequenos e estrábicos, ou ainda no profundo negro de uma nota musical).