terça-feira, junho 27, 2006

momentosurdomudo

escuto o silêncio chegar. minhas mãos paralizam. prendo a respiração com medo de que ele vá embora, depois respiro novamente com bastante cuidado.
debaixo das cobertas, procuro fechar os olhos e ouvi-lo enquanto estala os vincos de madeira da casa (o silêncio também se espanta constrangido quando não é discreto). ele se alastra no ambiente abafando o som, mas mesmo o silêncio não é pleno em si.
de vez enquando a vizinha, não o percebendo, descreve trajetórias do seu quarto à cozinha e o silêncio se retrai, porque nem sempre é agradável ver seu oposto tão de perto. a sensação de ausência de si-mesmo pode ser terrível nesses momentos.
tem um ponto em que o silêncio descansa. o alívio do silêncio é seguido apenas pelo som agudo da terra girando. existe sempre de um determinado momento, até os milissegundos que antecedem nossa percepção.

3 Comments:

At junho 29, 2006 2:28 AM, Anonymous Anônimo said...

silêncio... seria a mais pesada das hipocrisias. se não fosse, além de sina, a mais contundente das ferramentas.

 
At janeiro 30, 2007 9:14 PM, Anonymous Anônimo said...

silêncio... seria a mais pesada das hipocrisias. se não fosse, além de sina, a mais contundente das ferramentas.
Qeria saber quem é o autor.

Parece até que foi eu que fiz...
Clá

 
At janeiro 31, 2007 3:47 PM, Anonymous Anônimo said...

v é victor. victor é todo mundo. é você, mas sendo ele próprio. o ar de v é ingênuo por querer. v é sagaz, um grande amigo. como você.

 

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