quinta-feira, junho 01, 2006

cacos e estilhaços

para manoel ricardo de lima

voltei de ressaca na chuva, pois tinha tomado conhaque e cerveja demais. não sei as horas, não sei o dia. cheirava mal e imaginava a casa no infinito. não chegaria nunca?
quando criança, sempre tinha alguém para me levar pra casa, tinha o cheiro do feijão que era uma mágica da minha avó. agora tinha a dor de cabeça, o cansaço e a chuva fina - interferências no meu sutil processo de solidão.
ah, e tinha o frio. não aquele frio insuportável, mas o que me faz imaginar o momento exato da chegada: abrir a porta, me aquecer, jogar sapatos e roupas nos cantos do meu quarto, afundar num mar de sonhos. só. completamente cercado por paredes que não vejo no escuro.

1 Comments:

At junho 01, 2006 10:13 PM, Anonymous Anônimo said...

"A solidão é pra poucos", eu podia te dizer Marquito...
Diria também que sou solidário à esta tua solidão, se não fosse me sentir um pouco estúpido e rude contigo, já que eu próprio é que tomei todas as medidas insalubres pra forjar a minha.
No fim, isso posto desse jeito, posso é servir de consolo a ti; tu tens um muro a quebrar, uma saudade... Eu tenho uma contra-saudade desde o muro que eu mesmo empreendi em erguer. Tenho uma saudade revirada, contradita.
Estou com náuseas... E talvez por estar no pólo oposto (muito provavelmente, aliás), prefiro a dor que o tédio.
Isso não anula os teus méritos, mas na verdade prova é que a nossa condição é realmente estúpida.
abçs

 

Postar um comentário

<< Home