sexta-feira, maio 26, 2006

montagem

primeiro imagino que sou louco -

então vejo o bloco branco em um canto qualquer da sala. não bem no canto. o bloco está entre o canto e o meio. no meio, nada: do chão ao teto. o chão é um quadrado cheio de quadradinhos.
estou aqui, bem próximo do meio e de frente para o bloco. e tem a sala cheia de luz morta.
é assim: não existem portas. as paredes são espelhos de modo que, se lançar meu olhar para qualquer lado, vejo o infinito.
tenho medo de me mover. gosto de imaginar que atrás do espelho, eles me observam. gostava, porque antes eu fazia muitas coisas para agradá-los. eles me assistiam.
teve um dia. nesse dia eu percebi a sutil diferença no ambiente. tudo tinha mudado. agora eles me vigiavam. comecei a reduzir meus gestos e em pouco tempo adotei essa forma-objeto. me desliguei do cubo branco. agoro não olho mais para as paredes-espelho e parei de dormir.
é devagar que estou percebendo minha paranóia.