sexta-feira, outubro 08, 2004

saboreando maiza

resolvi beber um pouco e no meio da bebedeira, aquela tonturinha gostosa, aquele cheiro de pinga achei que tinha te visto e começei a gritar seu nome. nem percebi que você dificilmente estaria ali naquela festa com aquelas pessoas, porque você sempre me disse que você não gostava delas e que elas me puxavam para um poço enorme e sem fundo de onde eu não sairia. também não me dei conta de que as palavras saíam arrastadas da minha boca e que ninguém deveria entender o que eu estava falando.
então sonhei que um dia éramos você e eu numa casa grande e que às vezes você se trancava no banheiro ou na sala ou no quarto e batia fotos de si mesma. depois nos despíamos e nos amávamos sem pudor suando pela casa toda, mas devagar, como se fôssemos bonecas de porcelana e assim mesmo bonecas nos olhávamos como se víssemos as entranhas uma da outra, como se fôssemos uma o reflexo da outra. Foi quando eu acordei já na cama, a dor de cabeça forte e não era você ao meu lado, mas uma mulher que me olhava há horas, parecia, estava de pé, nua, segurando um cigarro e uma flor vermelha em uma mão, um guarda-chuva xadrez na outra.

fox