terça-feira, setembro 28, 2004

uma história

Parte II

Pedi fogo para a garçonete. Era um sábado fim de tarde movimentado e bem barulhento. Não só aqui no café, mas na cidade toda. Deixei um cartaz com uma foto de uma menininha bem linda usando a presilha que eu achei. Na verdade já fiz várias fotos daquela presilha no cabelo de todo mundo.
Será que ela vai me encontrar? Não deixei endereço, nem telefone, nem nada. Só várias pessoas usando uma presilha.
Virou um vício esse negócio das fotos e da presilha e da menina que a perdeu e às vezes ficava imaginando que ela nem morava aqui, ou que nem se importava com o sumiço do objeto. Imaginava que ela poderia simplesmente nunca olhar os cartazes ou simplesmente não perceber que aquelas pessoas todas eram ela.
Todo dia tirava mais fotos, colava mais cartazes e visitava os lugares onde já os havia colado. Era engraçada aquela minha fixação. Agora já não me comunicava com as pessoas a não ser por enigmas e todo dia comprava mil envelopes coloridos, mil canetas coloridas, cordinhas, caixas de presente e estava pronto para surpreender a todos.
E se aquela menina me achar? E se tudo der errado? O que quero com ela?
Não sei.
m.